Na parede do banheiro, dentro daquela caixinha, mas não dentro, em cima (já que não havia mais espaço no interior), ele guardava (guardava? mas não estão fora?) duas bisnagas de pasta-de-dente: uma grande e outra pequena. Ora, uma para uso diário comum e outra para levar em viagens esporádicas. Não é o que todos pensam?
Todas as manhãs, ao se aprontar para sair, havia sempre a mesma dúvida angustiante, que apesar de angustiante vinha como um pensamento rápido seguido de uma decisão rápida. Precisava viajar mesmo? Não foi para isso que comprou a menor, durante um daqueles momentos em que inventamos uma necessidade tão descartável quanto o objeto que vemos na prateleira do supermercado? Ele, como todo mundo que alguma vez ou outra vai às compras, sempre olha as mercadorias a partir do "e se...?". "E se precisar viajar, uma viagem rápida?" Pensou ao ter visto a bisnaga pequena na prateleira, "essas que são feitas para viagens, pois menores são mais fáceis de carregar". A confecção do objeto, seu tamanho, design, o conceito no qual foi concebido, sugeriu esse pensamento a ele? Ou foi mesmo o contrário? E se ele pensou e depois o viu? É o cão que abana o rabo ou o rabo que abana o cão?
Essa pergunta não interessa. Mesmo porque ele não possui cachorro em casa. Estamos de novo no banheiro e ele olha sem saber de qual das duas vai espremer na escova a pasta, não interessando mais de que jeito vai ficar, pois desistiu de deixar como na imagem da caixa há muito tempo. "E se precisar viajar...? E se não precisar?" Ele decide, por hoje, e por sempre, que não vai viajar. "Uma viagem esporádica", como pensava, não vai acontecer, então usa da pequena. Usa dessa para acabar logo e assim passar à maior.
"Mas eu vou viajar sim". É o que pensa na manhã seguinte, quando se esquecia da decisão do dia anterior. Agora se apresentava clara a possibilidade de viajar de repente. Usará a maior e poupará a menor para este acaso.
Ocorrerá isso todos os dias, perguntar-se-á qual usará hoje, colocar-se-á diante da dúvida sobre viagem ou não-viagem, mudará a sua compreensão particular dos mistérios das bisnagas de pasta-de-dente, hoje uma coisa, amanhã outra, enquanto existirem as duas em cima do estojo do banheiro.
Todas as manhãs, ao se aprontar para sair, havia sempre a mesma dúvida angustiante, que apesar de angustiante vinha como um pensamento rápido seguido de uma decisão rápida. Precisava viajar mesmo? Não foi para isso que comprou a menor, durante um daqueles momentos em que inventamos uma necessidade tão descartável quanto o objeto que vemos na prateleira do supermercado? Ele, como todo mundo que alguma vez ou outra vai às compras, sempre olha as mercadorias a partir do "e se...?". "E se precisar viajar, uma viagem rápida?" Pensou ao ter visto a bisnaga pequena na prateleira, "essas que são feitas para viagens, pois menores são mais fáceis de carregar". A confecção do objeto, seu tamanho, design, o conceito no qual foi concebido, sugeriu esse pensamento a ele? Ou foi mesmo o contrário? E se ele pensou e depois o viu? É o cão que abana o rabo ou o rabo que abana o cão?
Essa pergunta não interessa. Mesmo porque ele não possui cachorro em casa. Estamos de novo no banheiro e ele olha sem saber de qual das duas vai espremer na escova a pasta, não interessando mais de que jeito vai ficar, pois desistiu de deixar como na imagem da caixa há muito tempo. "E se precisar viajar...? E se não precisar?" Ele decide, por hoje, e por sempre, que não vai viajar. "Uma viagem esporádica", como pensava, não vai acontecer, então usa da pequena. Usa dessa para acabar logo e assim passar à maior.
"Mas eu vou viajar sim". É o que pensa na manhã seguinte, quando se esquecia da decisão do dia anterior. Agora se apresentava clara a possibilidade de viajar de repente. Usará a maior e poupará a menor para este acaso.
Ocorrerá isso todos os dias, perguntar-se-á qual usará hoje, colocar-se-á diante da dúvida sobre viagem ou não-viagem, mudará a sua compreensão particular dos mistérios das bisnagas de pasta-de-dente, hoje uma coisa, amanhã outra, enquanto existirem as duas em cima do estojo do banheiro.
Um comentário:
E não são assim todas as coisas? Ó dúvida cruel que nos faz ter a mais, ou temer demais o amanhã que não chega nunca!
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