Eu bolei de rir, mas não deixei de achar uma coisa muito bonita todas as reações dos brasileiros, sobretudo do presidente Lula, na cerimônia de eleição da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. "Populismo", dirão uns sobre as lágrimas de Lula, ou sobre toda a quebra de protocolo que ele propiciou diante do presidente do COI, Jacques Rogge, e de toda a imprensa internacional. Aliás, esse foi o destaque de todos os grandes jornais do mundo: o choro de Lula. Incrível como até esse momento nenhum dos portais de notícias da Folha online ou da Veja sequer mencionou toda a carga de emoção que a comissão brasileira investiu na sua apresentação ou das lágrimas de felicidade engasgadas do presidente quando este assinou o contrato junto com o governador do Estado do Rio de Janeiro e com o prefeito da cidade vencedora. No portal da Veja, mais absurdo ainda, nem o nome de Lula, nem imagem sua estão lá.
Não estou afirmando que foi Lula que venceu. Ele mesmo disse que não. E de fato, não foi. Houve um aparato gigantesco muito bem montato pela comissão brasileira e exibido para todos e que possibilitou a confiança no Rio pelos votantes. Mas dá pra dizer que houve uma particularidade nessa comissão. E se dá pra falar em algo tipicamente brasileiro, sem dúvida é esse jeito passional de lidar com uma disputa e da maneira como se manifesta a alegria na vitória. Correm as notícias de que o discurso de Lula foi decisivo para a escolha pelo fator emotivo, apelativo. Para ajudar na decisão, valeu até fazer o sinal-da-cruz. Mas o que esperar de um chefe de Estado que pulou feito moleque quando da divulgação do resultado? Ali eu me senti feliz junto com Lula. E acho que muitos outros também. No portal do Terra, o jornalista que assina essa matéria só deu destaque aos arroubos de emoção e de brincadeiras do presidente, capaz de dizer que no Japão você cumprimenta um primeiro-ministro pela manhã e outro pela tarde, tamanha a mudança que eles têm por lá.
Muitos são os que dizem que essa vitória era mais que esperada, que não há novidade na escolha. Mas esses que não se assustam, não se emocionam. Acham que essa espirituosidade brasileira é coisa de gente acanalhada. Preferem usar a emoção de forma mais contida, demonstrada com mais sinceridade só para saudar outro cidadão na rua com um vibrante vive la France, como faziam muitos no fim do século XIX no Rio de Machado de Assis, como fez Fernando Henrique Cardoso em 2001, na Assembléia Nacional Francesa. Mas depois de hoje, assistindo à comemoração dos cariocas na praia, eu acho que alguma coisa pode mudar.
Excurso: no blogue de Reinaldo Azevedo, acho que ele deixou passar um comentário meu. Talvez ele não tenha entendido a ironia quando detectei tanto na postagem quanto nos comentários da maioria dos leitores aquela chaga que tanto prostra os brasileiros: o Complexo de Vira-lata.
Não estou afirmando que foi Lula que venceu. Ele mesmo disse que não. E de fato, não foi. Houve um aparato gigantesco muito bem montato pela comissão brasileira e exibido para todos e que possibilitou a confiança no Rio pelos votantes. Mas dá pra dizer que houve uma particularidade nessa comissão. E se dá pra falar em algo tipicamente brasileiro, sem dúvida é esse jeito passional de lidar com uma disputa e da maneira como se manifesta a alegria na vitória. Correm as notícias de que o discurso de Lula foi decisivo para a escolha pelo fator emotivo, apelativo. Para ajudar na decisão, valeu até fazer o sinal-da-cruz. Mas o que esperar de um chefe de Estado que pulou feito moleque quando da divulgação do resultado? Ali eu me senti feliz junto com Lula. E acho que muitos outros também. No portal do Terra, o jornalista que assina essa matéria só deu destaque aos arroubos de emoção e de brincadeiras do presidente, capaz de dizer que no Japão você cumprimenta um primeiro-ministro pela manhã e outro pela tarde, tamanha a mudança que eles têm por lá.
Muitos são os que dizem que essa vitória era mais que esperada, que não há novidade na escolha. Mas esses que não se assustam, não se emocionam. Acham que essa espirituosidade brasileira é coisa de gente acanalhada. Preferem usar a emoção de forma mais contida, demonstrada com mais sinceridade só para saudar outro cidadão na rua com um vibrante vive la France, como faziam muitos no fim do século XIX no Rio de Machado de Assis, como fez Fernando Henrique Cardoso em 2001, na Assembléia Nacional Francesa. Mas depois de hoje, assistindo à comemoração dos cariocas na praia, eu acho que alguma coisa pode mudar.
Excurso: no blogue de Reinaldo Azevedo, acho que ele deixou passar um comentário meu. Talvez ele não tenha entendido a ironia quando detectei tanto na postagem quanto nos comentários da maioria dos leitores aquela chaga que tanto prostra os brasileiros: o Complexo de Vira-lata.
2 comentários:
Resta-nos lutar para que a Olimpíada seja pelo país, não em termos de medalhas e conquistas, mas em termos de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Amém!
Mesmo desconfiando de ufanismos e unanimidades, a comoção do momento, o jeito alegre e exuberante de o povo comemorar, a ingênua expansividade de Lula - embora ele não seja tão ingênuo assim - eu realmente gostei... Muito mais ainda da cara de estante com que ficaram a matilha dos inconformados com as leves e sutis transformações pelas quais vem passando este país.
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