sábado, 26 de abril de 2008

Bibliotecas Públicas de Patos - Parte II

A Biblioteca Municipal Allyrio Meira Wanderley

Pegar um livro para ler às vezes parece difícil. Você já é inclusive familiarizado com a leitura, gosta da coisa, o que tem em casa já foi lido e tudo o mais. Porém, de vez em quando, mesmo quando lhe bate a vontade de ler algo de que já ouviu falar, ainda assim sua resposta é quase sempre uma negativa. Comigo isso ocorre porque normalmente eu quero o livro que desejo ler, e estando ele noutro lugar, isso me desestimula. Mas você, leitor de Patos, se age assim, ou de modo similar, espero que mude de atitude, assim como pretendo mudar, depois de conhecer melhor o acervo da biblioteca municipal. É para isso que estou aqui e meu papel terá se cumprido caso este texto obtenha algum êxito.

Ela possui um número muito relevante de obras. De início, eu poderia até dizer que quem pretende juntar mesmo uma bibliografia acadêmica, isso pode ser bem viável. É claro que não dá pra encontrar tudo o que uma pesquisa dessa natureza busca, mas o aluno do ensino superior consegue montar certo material de pesquisa suficiente para um tempo e parte de seu trabalho – isso dependendo, claro, da sua área. E falo mais especificamente das Ciências Humanas. Quem segue na vereda da Teoria Literária ou Literatura, pode sim encontrar pouso seguro por uns tempos nessa biblioteca. Encontrei livros de Tristão de Athayde, Antonio Cândido (Formação da Literatura Brasileira), e um pelo qual desenvolvi interesse particular, Fenomenologia da Obra Literária, de Maria Luiza Ramos. Já outros pesquisadores podem preferir ler Gilberto Freyre, ou quem sabe uma publicação organizada pela UFPB chamada Contos Populares da Paraíba (Patos). Numa rápida folheada, entendi que se tratava de histórias populares contadas na nossa cidade e que foram colhidas e catalogadas por pesquisadores do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da UFPB.

Mas não quero me restringir neste texto, nem restringir as obras de lá, unicamente ao público acadêmico. De maneira alguma. Não escondo minha paixão pela literatura, e para quem também gosta, eu adianto que você pode “perder” muito tempo para ler tudo o que pode lhe atrair do acervo. Se acaso tenha vontade de ler muita coisa de um único autor, as melhores pedidas são as coleções. Encontrei algumas que traziam, se não todas, mas pelo menos muitas obras de alguns nomes, tais como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Gregório de Matos, Eça de Queiroz, José de Alencar, Graciliano Ramos, o velho Dostoiévski (numa edição clássica da José Olympio), Jorge Amado, e a que me deixou com mais vontade foi a de Érico Veríssimo (gigantesca, ocupando quase uma linha completa da estante).

Coleções como estas são ótimas. É uma empreitada que sempre tive vontade de travar: ler tudo de determinado autor. Prometo a mim mesmo que Érico Veríssimo será meu desafio. Mas além das coleções, livros isolados que sempre tive desejo de ler estão lá também (ou melhor, eu os descobri para mim). Guerra e Paz, é um exemplo – numa edição bastante razoável, me pareceu. Seus dois volumes volumosos não me causaram medo já que estão num estado de conservação bom. Outro prosador russo que lerei de lá é Turgueniev, autor de Pais e Filhos. Dostoiévski faz paródia de um personagem desse romance em Os Demônios. Achei também os volumes da famosa (?) Tragédia Burguesa, de Octávio de Faria. Sempre quis ler. Há outro que já iniciei uma vez a leitura mas não concluí, Cidadela, do Antoine de Saint-Exupéry.

Passado o devaneio dessas descobertas agradáveis, voltemos ao chão. Por mais que fossem educados e prestativos os funcionários da biblioteca (e o são mesmo), eles não podem autorizar a entrega de um livro para alguém locar. Essas são as regras. E não são eles que as fazem. Por razões que não sabemos, a Biblioteca Pública Municipal Allyrio Meira Wanderley não pode ceder seus livros dessa forma. Não existe um cadastro onde se possa se registrar devidamente para ter acesso às obras da forma mais plausível que conhecemos. Fala-se de uma Lei que estaria em trâmite para regular esse quesito, mas até agora nada. Então, por ora, é tomar assento a uma daquelas mesas em uma das três salas de leitura - divididas em Infantil, Adolescente e Adulta - e ler por lá mesmo. O mais estranho é a necessidade de uma solução legalista para resolver uma coisa que é a mais natural e comum de todas para o funcionamento de uma biblioteca. Além disso, outro problema é a catalogação precária dos livros, embora estejam dispostos pela ordem alfabética do sobrenome dos autores (atitude brava e nobre dos poucos funcionários), mas a forma correta é outra. Apesar de haver livros em bom estado de conservação, a grande maioria é velha, não vi sinal de novas aquisições nas seções em que passei. Para uma biblioteca que leva o nome do maior escritor das Espinharas, muita coisa está devendo. Mas esperamos que eles tentem, Allyrio, todos nós ainda esperamos…

Faço agora uma lista de algumas coisas que descobri:

Coleções:

Eça de Queiroz;
Machado de Assis;
Guimarães Rosa;
Dostoiévski;
Gregório de Matos (dois volumes);
José de Alencar (incompleta);
Érico Veríssimo;
Jorge Amado;
Graciliano Ramos;

(e cito também uma coleção chamada Clássicos Jackson que possui uma variedade muito grande. Há ainda uma sala que foi doada pela família do falecido professor Manoel Messias onde se encontra uma coleção completa da obra de Victor Hugo).

Livros:

Octávio de Faria (Tragédia Burguesa)
Carlos Drummond de Andrade (Antologia Poética)
Leon Tolstoi (Guerra e Paz)
Leonardo Boff (A Graça Libertadora do Mundo)
Dyonelio Machado (Os Ratos)
Antoine de Saint-Exupéry (Cidadela)
Turgueniev (Pais e Filhos)

Aceita uma sugestão? Faça a mesma experiência: vá à biblioteca municipal (é aquele prédio azul que fica na rua por trás da Igreja da Conceição, próximo ao cruzamento com o Prado) e descubra o que não espera.

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