Como é possível ter tanto alguém
Que não se sabe mais quem?
Como se fosse fácil saber-se ainda cego
Por ter cegado sem qualquer razão
Como se fosse fácil simplesmente deixar de ser e enxergar
Assim, numa leve distração
Seria sim mais fácil dar a ti meu sangue, gota a gota
Todas as lágrimas numa lagoa branca.
Por entre teus suspiros oprimidos
Dos olhares, do magnetismo
Confundi-me aí por dentro de ti
Enquanto estavas aqui por dentro de mim
E quem mais parece você se não nós?
Quem devo ser eu se não os nós
A que atamo-nos.
E agora anda a dizer meu amor
Que não sabe o que é amar
Anda a dizer que a dor
É coisa de se alegrar
Que aquelas mãos tão unidas
Estavam ali por estar
Aqueles abraços incontidos
Eram só pra confortar
Todos os risos mais ridos
Eram por sermos mesmo ridículos
Por todos os dias que o vi adormecer
Como poderia outra pessoa sentir nisso tanto prazer?
Todas as dores do mundo
Sorvidas no teu simples vulto
Por baixo do meu edredom.
Pela tua respiração ouvida.
Pela tez a mesclar-se com a minha.
Por teu cuidado benigno.
Pelos olhares mais dignos.
Por tua letra, teu pranto.
Por tua arte, o teu canto.
Pelas tuas mãos e a disposição dos teus objetos.
A língua. Os lábios.
E aquele desejo certo.
Um comentário:
Tava procurando sobre os perigos da soda caustica pra esfregar meu banheiro e cai aki. É sempre sensual assim? se ces tão carente, passa lá.
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