É mais produtivo começar por um não, do que por um chamado à união; porém, no fim a gente sim-naliza com outras idéias. É onde coincide meu primeiro sim e meu último não que resplandeço.
Mas neste manifesto queremos tudo, menos ser produtivos.
Quem são esses que dizem “queremos”? Ora, pois, somos eu e todas as pessoas que se acham oprimidas pela tirania da alegria idiota, artificialmente produzida por esses sacerdotes do ridículo.
Sentimo-nos subjugados pela obrigação de distribuir sorrisos a todo custo e de ter as esperanças que eles – seja lá quem eles sejam – nos sugerem. O sucesso vaticinado por esse mundo-riso não nos satisfaz. Absolutamente. Sua felicidade mórbida e essa tranqüilidade televisiva nos enjoam.
Rejeitamos tudo aquilo que nos dão sem que o conquistemos. Tudo o que nos impõem para ser nosso, sem que possamos torná-lo nosso: rejeitamos o sonho ingênuo do sucesso, da fortuna e da felicidade hipocritamente sorridente: esse paraíso artificial onde não cabem nossas fraquezas, nem nossos suores e salivas, nem nossas alturas geladas, nem nossos desertos sombrios, nem nossas almas escondidas. Rejeitamos, também, os sacrifícios exigidos para lá se chegar: sacrifício das idéias livres e pueris; das belezas inúteis de um poema de Neruda, de uma partita de Bach, de uma modinha caipira, de uma dança de roda; sacrifício das línguas cansadas de repetir o politicamente correto; sacrifício dos ouvidos agredidos pela anti-poesia e pela anti-música; sacrifício do sonho de ter sido caminhoneiro, professor, agricultor ou pescador; sacrifício das explosões de raiva e de asco a todas as coisas que nos nivela ao medíocre. Rejeitamos, por fim, a morna paz prometida, uma paz quieta, estupidamente calada, uma paz amolecida de quem espera a morte.
Temos náuseas em participar de palestras de motivação, em ler livros de auto-estima, em assistir a programas de lições-de-vida. Arrepia-nos ter de privar da companhia de gente mesquinha que decora e repete essas frases repugnantes de auto-ajuda que nos servem de entorpecentes, não nos permitindo ver com nossos olhos, falar com nossas palavras e alegrarmo-nos com nosso espírito.
Estamos exaustos de dever acreditar num mundo tedioso, feito só de sorrisos, e de dever sonhar os sonhos que nos deram a sonhar – a fama da televisão, a carreira impecável, os bens de demonstração – sem poder sonhar os sonhos que aquilo que não há no nó da palavra eu quer sonhar.
Dentre tantos direitos que nos disseram que são humanos, esqueceram do essencial direito de dizer o contrário, ainda que de forma desexata, como essa mesma palavra.
Acreditamos, ao contrário, que estamos de vez em quando tristes, até sem motivo, ou por um motivo bastante infantil para não querermos dizê-lo, porque há momentos em que nosso espírito não suporta senão palavras baixinhas e discretas, ou nem palavras suportam... Reivindicamos o direito ao silêncio, seja contemplativo ou não.
Reivindicamos o direito de lembrar da nossa história pessoal e da nossa história coletiva e de transformá-la em estórias para contar às nossas crianças. Reivindicamos o direito que já temos de estarmos calados quando nos é dado a falar; e de gritarmos incessantemente na hora mais incômoda, em que não somos chamados a decidir ou a opinar. E, ainda, o direito de gaguejar...
Reivindicamos, também, o direito de estar fora dos quadros: de não ser funcionário concursado, de não ser prostituta ou corrupto ou alcoólatra ou fumante inveterado ou religioso praticante; de não ter sido o melhor aluno da sala, nem o pior; de não amar a empresa em que trabalha; de não freqüentar templos ou cabarés. O direito de ser anônimo e de querer continuar anônimo. Queremos conquistar o direito inalienável de não participar da opinião pública, de mudar de idéia e de não ter opinião sobre escândalos políticos. O direito de não ter lido os grandes mestres da literatura mundial, de não ter assistido a filmes cult, de não saber a história da MPB. O direito de esquecer o compromisso, de não ir no combinado, de estar mal-humorado ou de nem ligar. E o direito de não assinar abaixo-assinados ou manifestos...
Cremos firmemente que jornais e novelas têm tido o mesmo formato e têm dito a mesma coisa, por isso mesmo, desligaremos a TV no horário nobre, conversaremos na calçada sobre assuntos nada estratégicos, contaremos piadas sobre o ridículo das paixões humanas, choraremos pelo que não pudemos ter sido e pelo que não poderemos mais ser. Ficaremos tristes pelos aviões que transportam bombas, pelas quantias incontáveis de dinheiro que sobrecaem nos ombros de pouquíssimos; pelas crianças pobres que não fazem seus brinquedos porque estão ocupadas em morrer de fome – estas nada podem ter porque tudo lhes foi negado: comida, brinquedos, sonhos... E pelas crianças ricas que não fazem seus próprios brinquedos porque estão ocupadas em morrer empachadas – estas nada podem desejar, porque tudo já lhes foi dado pronto: comida, brinquedos, sonhos...
Acreditamos em heróis que fracassam. Admiramos estrelas pequeninas, vistas só quando não olhadas, que no interior de nós brilham e nos inspiram: todos os que fracassaram, foram envenenados, crucificados, queimados em praça pública ou somente mal-entendidos; os suicidas, os loucos, os débeis, os gordos, os mancos, os suboficiais, as meninas de prostíbulo, os que nunca existiram...
Avisamos que seremos errados, não passaremos no vestibular, nem teremos uma carreira brilhante. Avisamos que engordaremos, sim, e nossas mulheres terão celulite, e nossos maridos serão calvos; que nossa beleza mora mais ao longe do que nessa estética fúnebre dos desfiles de moda. Avisamos que não queremos conselhos de superação quando estivermos acabrunhados e que, quando estivermos tristes, não queremos outro consolo senão o de saber que tudo é passageiro, inclusive a alegria...
Conquistaremos, sem o almejar, as distantes terras do desconhecido. Mudaremos de rumo, sem o planejar, sempre que nosso estômago avisar que a rota que seguíamos está infestada de carniceiros. Expulsaremos de nosso convívio, sem alarde, os que estiverem permanentemente felizes, os que não chorarem com nossas mágoas, os que não errarem conosco, os que não calarem, os que não faltarem com a etiqueta, os que não desrespeitarem o protocolo e os que não tiverem por onde ser desprezíveis.
O inexistente nos seduz. Estamos grávidos de outros mundos, cada qual destes com sua linguagem inebriante, pois não desejamos senão nos embriagar pela fala. Daí nascerão nossa verdadeira alegria e nosso anônimo sucesso, com os temperos do inevitável pôr-do-sol...
Por concordarem com este manifesto, não o assinam:
Vincent Van Gogh – pintor holandês que decepou a própria orelha
Joana D’Arc – agitadora francesa, mística, queimada na fogueira
Jesus de Nazaré – místico e teólogo judeu, abandonado por seus amigos, torturado e crucificado
Sócrates – filósofo grego suicidado (sic!) por seus conterrâneos, por exercitar jogos de pensamento.
Sidarta Gautama – pensador e místico mal-entendido por seus seguidores
Zaratustra – filósofo e teólogo que não morreu por não ter nascido
Friedrich Nietzsche – filósofo alemão que nasceu antes do tempo e morreu louco
Cecília Meireles – poetisa brasileira que, segundo testemunha, era abobalhada
Fernando Pessoa – poeta português que morreu de cirrose hepática
Alberto Caeiro – poeta que não existiu, mas viveu
Álvaro de Campos – poeta que também não existiu, mas escreveu Tabacaria
Cacique Seattle – indígena que aplicou um koan no presidente dos EUA
Riobaldo Tatarana – jagunço, filósofo e teólogo que viveu sem ter existido e se apaixonou por um homem que era mulher
Diadorim – mulher que era homem e provocou grandes revoluções na linguagem
D. Sebastião – rei português que, derrotado numa guerra, está sempre para voltar
Peixe-Grande – contador que tornava qualquer história sisuda uma maravilhosa estória
Teresa de Ávila – mulher que descobriu que Deus pode ser uma alegria orgástica
Ludwig Wittgenstein – filósofo alemão que abandonou o fracasso que se lhe representava seu sucesso
Ludwig van Beethoven – homem surdo que compunha belíssimas músicas
Mahatma Gandhi – político por vocação, indiano, que abalou a política com gestos leves
Guimarães Rosa – estranho escritor, cujas frases são objetos de feitiçaria e que morreu como Moisés
Jacob Boheme – teólogo que afirmava que Deus brincava bastante
Turuna Tântalo – o mais recente dos antigos pensadores
Rubem Alves – sacerdote expulso de sua confraria por deixar os tapetes pelo avesso
Leonardo Boff – teólogo expulso de sua confraria por achar que Deus chorava o choro dos humilhados
Gaston Bachelard – velho filósofo que desconfiava que os humanos são feitos de metáforas
Manoel de Barros – velho poeta para quem as palavras são coisas nas quais se pode até pegar
Frei Betto – teólogo que ama um mundo longínquo
Mário Quintana – velho poeta que nunca ocupou uma cátedra da ABL
Artur da Távola – velho amante da música que mostra o que muitos ouvidos não escutam
G.H. – mulher que descobriu que Deus pode ser uma amarga secreção de barata
Miguilim – menino que tinha muitas saudades do que ainda nem tinha vivido
Alice – criança que habitava vários mundos
Jorge Luis Borges – escritor que entendia línguas esquecidas e as traduzia em estórias que bem poderiam ter existido
Eduardo Galeano – jornalista que não se esquiva de morar na utopia
Adélia Prado – poetisa que anda na companhia de suas saudades
Mas neste manifesto queremos tudo, menos ser produtivos.
Quem são esses que dizem “queremos”? Ora, pois, somos eu e todas as pessoas que se acham oprimidas pela tirania da alegria idiota, artificialmente produzida por esses sacerdotes do ridículo.
Sentimo-nos subjugados pela obrigação de distribuir sorrisos a todo custo e de ter as esperanças que eles – seja lá quem eles sejam – nos sugerem. O sucesso vaticinado por esse mundo-riso não nos satisfaz. Absolutamente. Sua felicidade mórbida e essa tranqüilidade televisiva nos enjoam.
Rejeitamos tudo aquilo que nos dão sem que o conquistemos. Tudo o que nos impõem para ser nosso, sem que possamos torná-lo nosso: rejeitamos o sonho ingênuo do sucesso, da fortuna e da felicidade hipocritamente sorridente: esse paraíso artificial onde não cabem nossas fraquezas, nem nossos suores e salivas, nem nossas alturas geladas, nem nossos desertos sombrios, nem nossas almas escondidas. Rejeitamos, também, os sacrifícios exigidos para lá se chegar: sacrifício das idéias livres e pueris; das belezas inúteis de um poema de Neruda, de uma partita de Bach, de uma modinha caipira, de uma dança de roda; sacrifício das línguas cansadas de repetir o politicamente correto; sacrifício dos ouvidos agredidos pela anti-poesia e pela anti-música; sacrifício do sonho de ter sido caminhoneiro, professor, agricultor ou pescador; sacrifício das explosões de raiva e de asco a todas as coisas que nos nivela ao medíocre. Rejeitamos, por fim, a morna paz prometida, uma paz quieta, estupidamente calada, uma paz amolecida de quem espera a morte.
Temos náuseas em participar de palestras de motivação, em ler livros de auto-estima, em assistir a programas de lições-de-vida. Arrepia-nos ter de privar da companhia de gente mesquinha que decora e repete essas frases repugnantes de auto-ajuda que nos servem de entorpecentes, não nos permitindo ver com nossos olhos, falar com nossas palavras e alegrarmo-nos com nosso espírito.
Estamos exaustos de dever acreditar num mundo tedioso, feito só de sorrisos, e de dever sonhar os sonhos que nos deram a sonhar – a fama da televisão, a carreira impecável, os bens de demonstração – sem poder sonhar os sonhos que aquilo que não há no nó da palavra eu quer sonhar.
Dentre tantos direitos que nos disseram que são humanos, esqueceram do essencial direito de dizer o contrário, ainda que de forma desexata, como essa mesma palavra.
Acreditamos, ao contrário, que estamos de vez em quando tristes, até sem motivo, ou por um motivo bastante infantil para não querermos dizê-lo, porque há momentos em que nosso espírito não suporta senão palavras baixinhas e discretas, ou nem palavras suportam... Reivindicamos o direito ao silêncio, seja contemplativo ou não.
Reivindicamos o direito de lembrar da nossa história pessoal e da nossa história coletiva e de transformá-la em estórias para contar às nossas crianças. Reivindicamos o direito que já temos de estarmos calados quando nos é dado a falar; e de gritarmos incessantemente na hora mais incômoda, em que não somos chamados a decidir ou a opinar. E, ainda, o direito de gaguejar...
Reivindicamos, também, o direito de estar fora dos quadros: de não ser funcionário concursado, de não ser prostituta ou corrupto ou alcoólatra ou fumante inveterado ou religioso praticante; de não ter sido o melhor aluno da sala, nem o pior; de não amar a empresa em que trabalha; de não freqüentar templos ou cabarés. O direito de ser anônimo e de querer continuar anônimo. Queremos conquistar o direito inalienável de não participar da opinião pública, de mudar de idéia e de não ter opinião sobre escândalos políticos. O direito de não ter lido os grandes mestres da literatura mundial, de não ter assistido a filmes cult, de não saber a história da MPB. O direito de esquecer o compromisso, de não ir no combinado, de estar mal-humorado ou de nem ligar. E o direito de não assinar abaixo-assinados ou manifestos...
Cremos firmemente que jornais e novelas têm tido o mesmo formato e têm dito a mesma coisa, por isso mesmo, desligaremos a TV no horário nobre, conversaremos na calçada sobre assuntos nada estratégicos, contaremos piadas sobre o ridículo das paixões humanas, choraremos pelo que não pudemos ter sido e pelo que não poderemos mais ser. Ficaremos tristes pelos aviões que transportam bombas, pelas quantias incontáveis de dinheiro que sobrecaem nos ombros de pouquíssimos; pelas crianças pobres que não fazem seus brinquedos porque estão ocupadas em morrer de fome – estas nada podem ter porque tudo lhes foi negado: comida, brinquedos, sonhos... E pelas crianças ricas que não fazem seus próprios brinquedos porque estão ocupadas em morrer empachadas – estas nada podem desejar, porque tudo já lhes foi dado pronto: comida, brinquedos, sonhos...
Acreditamos em heróis que fracassam. Admiramos estrelas pequeninas, vistas só quando não olhadas, que no interior de nós brilham e nos inspiram: todos os que fracassaram, foram envenenados, crucificados, queimados em praça pública ou somente mal-entendidos; os suicidas, os loucos, os débeis, os gordos, os mancos, os suboficiais, as meninas de prostíbulo, os que nunca existiram...
Avisamos que seremos errados, não passaremos no vestibular, nem teremos uma carreira brilhante. Avisamos que engordaremos, sim, e nossas mulheres terão celulite, e nossos maridos serão calvos; que nossa beleza mora mais ao longe do que nessa estética fúnebre dos desfiles de moda. Avisamos que não queremos conselhos de superação quando estivermos acabrunhados e que, quando estivermos tristes, não queremos outro consolo senão o de saber que tudo é passageiro, inclusive a alegria...
Conquistaremos, sem o almejar, as distantes terras do desconhecido. Mudaremos de rumo, sem o planejar, sempre que nosso estômago avisar que a rota que seguíamos está infestada de carniceiros. Expulsaremos de nosso convívio, sem alarde, os que estiverem permanentemente felizes, os que não chorarem com nossas mágoas, os que não errarem conosco, os que não calarem, os que não faltarem com a etiqueta, os que não desrespeitarem o protocolo e os que não tiverem por onde ser desprezíveis.
O inexistente nos seduz. Estamos grávidos de outros mundos, cada qual destes com sua linguagem inebriante, pois não desejamos senão nos embriagar pela fala. Daí nascerão nossa verdadeira alegria e nosso anônimo sucesso, com os temperos do inevitável pôr-do-sol...
Por concordarem com este manifesto, não o assinam:
Vincent Van Gogh – pintor holandês que decepou a própria orelha
Joana D’Arc – agitadora francesa, mística, queimada na fogueira
Jesus de Nazaré – místico e teólogo judeu, abandonado por seus amigos, torturado e crucificado
Sócrates – filósofo grego suicidado (sic!) por seus conterrâneos, por exercitar jogos de pensamento.
Sidarta Gautama – pensador e místico mal-entendido por seus seguidores
Zaratustra – filósofo e teólogo que não morreu por não ter nascido
Friedrich Nietzsche – filósofo alemão que nasceu antes do tempo e morreu louco
Cecília Meireles – poetisa brasileira que, segundo testemunha, era abobalhada
Fernando Pessoa – poeta português que morreu de cirrose hepática
Alberto Caeiro – poeta que não existiu, mas viveu
Álvaro de Campos – poeta que também não existiu, mas escreveu Tabacaria
Cacique Seattle – indígena que aplicou um koan no presidente dos EUA
Riobaldo Tatarana – jagunço, filósofo e teólogo que viveu sem ter existido e se apaixonou por um homem que era mulher
Diadorim – mulher que era homem e provocou grandes revoluções na linguagem
D. Sebastião – rei português que, derrotado numa guerra, está sempre para voltar
Peixe-Grande – contador que tornava qualquer história sisuda uma maravilhosa estória
Teresa de Ávila – mulher que descobriu que Deus pode ser uma alegria orgástica
Ludwig Wittgenstein – filósofo alemão que abandonou o fracasso que se lhe representava seu sucesso
Ludwig van Beethoven – homem surdo que compunha belíssimas músicas
Mahatma Gandhi – político por vocação, indiano, que abalou a política com gestos leves
Guimarães Rosa – estranho escritor, cujas frases são objetos de feitiçaria e que morreu como Moisés
Jacob Boheme – teólogo que afirmava que Deus brincava bastante
Turuna Tântalo – o mais recente dos antigos pensadores
Rubem Alves – sacerdote expulso de sua confraria por deixar os tapetes pelo avesso
Leonardo Boff – teólogo expulso de sua confraria por achar que Deus chorava o choro dos humilhados
Gaston Bachelard – velho filósofo que desconfiava que os humanos são feitos de metáforas
Manoel de Barros – velho poeta para quem as palavras são coisas nas quais se pode até pegar
Frei Betto – teólogo que ama um mundo longínquo
Mário Quintana – velho poeta que nunca ocupou uma cátedra da ABL
Artur da Távola – velho amante da música que mostra o que muitos ouvidos não escutam
G.H. – mulher que descobriu que Deus pode ser uma amarga secreção de barata
Miguilim – menino que tinha muitas saudades do que ainda nem tinha vivido
Alice – criança que habitava vários mundos
Jorge Luis Borges – escritor que entendia línguas esquecidas e as traduzia em estórias que bem poderiam ter existido
Eduardo Galeano – jornalista que não se esquiva de morar na utopia
Adélia Prado – poetisa que anda na companhia de suas saudades
3 comentários:
Oh criatura de alcunha São Saruê. Gostei demais!
Sinta-se meu amigo de alma.
Se me permites não-assinar o que disseste...
Macabéa - Datilógrafa de pele descarnada, perdeu o dente da frente aos 17 anos, leu meia dúzias de livros e não os entendeu, tinha medo de dormir e morrer durante o sono, morreu virgem, existiu e nem soube.
beijos.
São Saruê, o texto continua a dizer. Ele não parou. Macabéa, você que começou a coisa, agora se sinta responsável (mas só se quiser):
Lau Cariri - sujeito de tendências violentas que já fez muitos serviços sujos aos senhores dos algodoais de Patos. Desejoso de mudar de índole, só queria o amor de sua Gió. Mas essa, por ter vivido sempre dentro da casa grande, sonhou algo mais que o amor singelo de seu jagunço arrependido, e se deixou embeber pelas promessas do sinhozinho, Bacharel da família.
Olá, amigo Saruê. Vim te relembrar que também eu não-assinarei o manifesto. Já o tinha dito anteriormente que "um homem é mais homem pelas coisas que silencia do que pelas que diz. Vou silenciar muitas. Sabendo que não há causas vitoriosas, gosto das causas perdidas: elas exigem uma alma inteira, tanto na derrota quanto nas vitórias passageiras. Criar é viver duas vezes… Todos tentam imitar, repetir e recriar sua própria realidade. Sempre acabamos adquirindo o rosto das nossas verdades."
Albert Camus
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