Saudações amigos.
Não sou novo aqui nesse blogue, já que o acompanho desde a sua criação e sempre faço comentários. Porém sou novo como membro ativo do Soda Cáustica. O post anterior (do nosso amigo Lau Cariri) me deu uma deixa para fazer meu primeiro post.
Sei que o assunto "São João de Patos" é motivo de grandes discussões entre os participantes, não vale nem comentar. E com a aproximação do evento, existe uma mobilização social muito grande em torno disso, hoje a noite mesmo em um pequeno encontro que tive com umas amigas de Patos aqui na capital paraibana, a conversa era só essa, não só delas mas dos amigos delas também, eles que serão os futuros Turistas de quem tanto falamos (é engraçado, estou vendo a situação por outro prisma agora).
Mas essa festa é feita para aqueles que gozam realmente o momento "São João de Patos", que é a velha 'playboyzada' (desculpem o termo, mas não tenho outro) que até onde vi, já estão tomando conta do mundo todo. Essa festa com todas essas atrações é tudo que o povo quer, e quando digo povo não é só o 'povão' mais carente e necessitado não, é todo mundo, seja o rico ou o pobre, a festa consegue incrivelmente atingir a todos. Todos mesmo, que o digam eu e meu amigo Turuna, que nos divertimos bastante na festa, não estando nem aí pro resto do mundo.
O bom da festa é a galera com quem estamos mesmo (e a bebida, é claro).
O que eu quero dizer com tudo isso é que para esse povo que gosta desses artistas, é que coisas como Victor & Leo e Aviões do Forró no mesmo dia, está para eles assim como está para mim se fossem Iron Maiden e Black Sabbath tocando no mesmo dia, ou Elomar e Xangai tocando juntos, e tantos outros artistas que gosto.
Não tiro o mérito deles, pois eles realmente gostam desses artistas, morrem de amor por eles (por favor, não façam aqui nenhum trocadilho com o fato comentado no post anterior), e se tem, eles vão. Tiro o mérito apenas dos organizadores do evento, que se dizem os grandes divulgadores da cultura Nordestina. Victor & Leo tem tanto a ver com o São João quanto o Iron Maiden, ou seja, nada! Mas e daí? O que o povo quer é festa. E festa grande, com direito a seus artistas favoritos e todo tipo de extravagâncias.
A Cultura, nossa Cultura, parece que ficou só nas lembranças, como se não pertencesse mais a nós. Lembrei do São João da minha casa antigamente, quando meu pai fazia uma fogueira e colocava o velho Luiz Gonzaga no som de casa. Isso ainda me pertence, e muito!
Fica aqui uma pergunta: a Cultura de um povo é aquilo que estão constantemente cultivando, ou é o que se transformou no folclore e que ficou apenas nas nossas mentes, como se não fossem mais mas ainda sendo?
Para os mais curiosos e atentos, vai aqui o link com a programação do evento para este ano de 2009, aproveitem como quiserem meus amigos.
Não sou novo aqui nesse blogue, já que o acompanho desde a sua criação e sempre faço comentários. Porém sou novo como membro ativo do Soda Cáustica. O post anterior (do nosso amigo Lau Cariri) me deu uma deixa para fazer meu primeiro post.
Sei que o assunto "São João de Patos" é motivo de grandes discussões entre os participantes, não vale nem comentar. E com a aproximação do evento, existe uma mobilização social muito grande em torno disso, hoje a noite mesmo em um pequeno encontro que tive com umas amigas de Patos aqui na capital paraibana, a conversa era só essa, não só delas mas dos amigos delas também, eles que serão os futuros Turistas de quem tanto falamos (é engraçado, estou vendo a situação por outro prisma agora).
Mas essa festa é feita para aqueles que gozam realmente o momento "São João de Patos", que é a velha 'playboyzada' (desculpem o termo, mas não tenho outro) que até onde vi, já estão tomando conta do mundo todo. Essa festa com todas essas atrações é tudo que o povo quer, e quando digo povo não é só o 'povão' mais carente e necessitado não, é todo mundo, seja o rico ou o pobre, a festa consegue incrivelmente atingir a todos. Todos mesmo, que o digam eu e meu amigo Turuna, que nos divertimos bastante na festa, não estando nem aí pro resto do mundo.
O bom da festa é a galera com quem estamos mesmo (e a bebida, é claro).
O que eu quero dizer com tudo isso é que para esse povo que gosta desses artistas, é que coisas como Victor & Leo e Aviões do Forró no mesmo dia, está para eles assim como está para mim se fossem Iron Maiden e Black Sabbath tocando no mesmo dia, ou Elomar e Xangai tocando juntos, e tantos outros artistas que gosto.
Não tiro o mérito deles, pois eles realmente gostam desses artistas, morrem de amor por eles (por favor, não façam aqui nenhum trocadilho com o fato comentado no post anterior), e se tem, eles vão. Tiro o mérito apenas dos organizadores do evento, que se dizem os grandes divulgadores da cultura Nordestina. Victor & Leo tem tanto a ver com o São João quanto o Iron Maiden, ou seja, nada! Mas e daí? O que o povo quer é festa. E festa grande, com direito a seus artistas favoritos e todo tipo de extravagâncias.
A Cultura, nossa Cultura, parece que ficou só nas lembranças, como se não pertencesse mais a nós. Lembrei do São João da minha casa antigamente, quando meu pai fazia uma fogueira e colocava o velho Luiz Gonzaga no som de casa. Isso ainda me pertence, e muito!
Fica aqui uma pergunta: a Cultura de um povo é aquilo que estão constantemente cultivando, ou é o que se transformou no folclore e que ficou apenas nas nossas mentes, como se não fossem mais mas ainda sendo?
4 comentários:
Coronel, desculpe a ausência na festança de anos que você deve ter feito. Me lembrei, mas não pude comparecer.
Espero que façamos uma fogueira na noite de São João, que tenhamos música carnalmente nossa, que tenhamos conversas e baião e pipôcos, um friozinho de junho...
E com relação à sua pergunta sobre cultura, se o senhor combinar a idéia de que a famigerada festa é a manifestação da cultura de cá com a programação musical dela, você tira que a coitada da cultura deve ser uma coisa como uma "reca de pleiboizim-numa-ráilux chêi de rapariga, se embriagando com uísque e tocando umar mus'ca muito fêa", o que não os faz em nada, absolutamente nada pior do que a nossa canalhice. Assim como eles não se reconhecem naquilo que nós chamamos de cultura, nós não nos reconhecemos naquilo que eles chamam disso.
Amigo Turuna, está desculpada a ausência, que é sempre muito bem lembrada pelos presentes.
Ainda haverão de queimar muitas fogueiras até conseguirem acabar com o que é nosso. E uma delas é a que vamos acender.
E pelo que foi dito por você, creio então que há uma incompatibilidade nas configurações(percepções) culturais de nós com essas pessoas.
Gostei do jeito como o senhor falou, Coroné. Eu acho que fiquei ranzinza pra esse detalhe que seu texto disse. Afinal, esse terém tá montado mesmo com isso aí e a gente estará lá mesmo de todo jeito. Concordo que parte dela, a parte principal, será feita por nós, entre os amigos, e isso me conforta. E senhor e Turuna tão certos quanto à nossa canalhice. Talvez sejamos ainda mais cruéis em alguns pontos que a reca de playboy. Mas poderiam pelo menos tirar Víctor e Léo, aquela coisa das borboletas já tô feio e besta de tanto escutar.
Companheiros, o que me irrita, antes mesmo da lista de "atrações" (que não me atraem) contratadas para o festival, é o formato do festival. A festa de São João, aquela das músicas bonitas, aquela da qual tenho saudades, era muito mais comezinha e muito mais modesta do que esse horror de gente junta; era muito mais desinteressada, era festa por existir a vida e por existir o tempo da festa, não havia finalidades, tais como o "desenvolvimento econômico" ou o "turismo". Tudo isso deformou nossa cultura em manifestações muito empobrecidas de um folclore industrializado.
Pense só na boniteza de uns refrãozinhos como esses:
"tem tanta fogueira, tem tanto balão, tem tanta brincadeira, todo mundo no terreiro faz adivinhação. Meu São João eu não tenho alegria, só porque não veio quem tanto eu queria."
"Olha pro céu, meu amor, e vê como ele tá lindo. Olha pr'aquele balão multicor que lá no céu vai subindo."
"Quando eu era minino a vida era manêra, não pensava na vida junto da foguêra, brincano co'os irmão a noite intêra, sem me dar que esse tempo havéra de passar e saudade me chegar, essa fera. Quem pensar que esse bicho é da cidade, se engana: a saudade nasceu lá no sertão, na beira da fogueira de São João."
Não lembram, nem de longe, a blasfêmia que chamam de São João.
Postar um comentário