quarta-feira, 26 de agosto de 2009

David Bowie, o ator


Quando se fala em David Bowie, quase sempre o que se vem a mente é aquela imagem da fase glam rock, aquele rosto com um relâmpago desenhado, capa do Aladdin Sane. Pelo menos pra mim, decidi ouvir Bowie seriamente, depois de vê-lo, já velho, cantando Thursday's Child de frente ao espelho do banheiro num clip da MTV, isso em 2000. Era a música mais triste do universo inteiro.
Verdade seja dita, Bowie não tem voz pra cantar, mas é um p. cantor. Não sei como. Um cantor que consegue interpretar, literalmente, em todos os estilos, uma olhada na discografia dele pra constatar. Para isso, existe uma teoria. Ele é tão bom ator que interpreta um cantor e todo mundo acredita. Hahaha. Na verdade, ele é um gênio, e uma pessoa que tem um olho azul e outro preto é porque, não por acaso, era pra ser diferente de todo o resto.
Esses dias, assisti Furyo - Em nome da honra, filme do diretor japonês Nagisa Oshima. Até agora não consigo entender porque o título aqui no Brasil é assim. No original se chama Merry Christmas Mr. Lawrence, aí a gente ver mais sentido, Lawrence é o oficial britânico preso na Ilha de Java pelos japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial, que tenta inutilmente evitar baixas dos prisioneiros dialogando com os oficiais japoneses.
Lawrence acredita que o fim da guerra está próximo e tenta a todo custo a difícil tarefa de se manter vivo. A rotina na ilha é alterada com a chegada de outro oficial britânico, Jack Celliers, que desafia autoridades do local com seu comportamento insolente.
Jack Celliers é David Bowie e é claro que eu assisti o filme por causa disso.
Fora esse detalhe, o filme fala do choque de culturas, do senso de coletividade dos japoneses - que por qualquer besteirinha já enfiam logo um punhal no abdômen pra acabar com o muído - em uma conversa com Jack, Lawrence tenta explicar a atuação do Japão na guerra 'Alguém deve ter enlouquecido e como eles não fazem nada sozinho a nação inteira enlouqueceu também'. Fala também da honra de Jack por sua liberdade, que está acima de todas as coisas. Fala da honra de Lawrence por sua vida, que não hesita em subordinar sua liberdade em nome dela. Etc, etc, etc.
Eu já havia assistido Basquiat, o filme, no qual David faz uma encarnação de Andy Warhol, mas achei a participação muito pequena. Sim, e detestei Basquiat, melhor se tivessem feito um filme de Warhol!
Quem quiser conferir o ator David Bowie:
Furyo:Em nome da honra - Nagisa Oshima
Basquiat - Julian Schnabel
A última tentação de Cristo - Martin Scosese

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Matemática para Pensantes - Lição 1

A Matemática é um aspecto único do pensamento humano, e sua história difere na essência de todas as outras histórias.
Com o passar do tempo, quase todo campo de esforço humano é marcado por mudanças que podem ser consideradas como correção e/ou extensão. Assim as mudanças na história de acontecimentos políticos e militares são sempre caóticas; não há como prever o surgimento de um Gêngis Khan, por exemplo, ou as consequências do pouco duradouro Império Mongol. Outras mudanças são questão de moda e opinião subjetiva. As pinturas nas cavernas de 25.000 anos são geralmente consideradas como grande arte, e embora a arte tenha mudado continuamente - até caóticamente - nos milênios subsequentes, há elementos de grandeza em todas as modas. Semelhantemente, cada sociedade considera seus próprios costumes naturais e racionais, e acha os de outras sociedades estranhos, ridículos e respulsivos.

Mas somente entre as ciências existe verdadeiro progresso; só ai existe o registro de contínuos avanços a alturas sempre maiores.
E no entanto em quase todos os ramos da ciência o processo de avanço é tanto de correçãoquanto de extensão. Aristóteles, uma das maiores mentes que jamaiscontemplaram leis físicas, estava completamente errado em suas idéis sobre corpos em queda e teve que ser corrigido por Galileu por volta de 1590. Galeno, o maior dos médicos da antiguidade, não foi autorizado a estudar cadáveres humanos e estava completamente errado em suas conclusões anatômicas e fisiológicas. Teve que ser corrigido por Versaliusem 1543 e Harvey em 1628. Até Newton, o maior de todos os cientistas, estava errado em sua visão sobre a natureza da luz, a acromaticidade das lentes e não percebeu a existência de linhas espectrais. Sua obra máxima, as leis de movimento e a teoria da gravitação universal, tiveram que ser modificadas por Einstein em 1916.

Agora vemos o que torna a Matemática única. Só na Matemática não há correção significativa, só extensão. Uma vez que os gregos desenvolveram o método dedutivo, o que fizeram estava correto, correto para todo sempre. Euclides foi incompleto e sua obra foi enormemente estendida, mas não teve que ser corrigida. Seus teoremas, todos eles, são válidos até hoje. Ptolomeu pode ter desenvolvido uma representação errônea do sistema planetário, mas o sistema de trogonometria que ele criou para ajudá-lo em seus cálculos permanece correto para sempre.
Cada grande matemático acrescenta algo ao que vei antes, mas nada tem que ser removido. Consequentemente, temos a figura de uma estrutura crescente, sempre mais alta e mais larga e mais bela e magnífica e com uma base que é tão sem mancha e tão funcional agora como era quando Tales elaborou os primeiros teoremas geométricoa a quase 26 séculos.
Nada que se refere á humanidade nos apareceu tão bem quanto a matemática. Aí, e só aí, tocamos a mente humana em seu ápice.

Prefácio do livro História da Matemática, por Isaac Asimov.

Talvez esse tópico abra algo que já pensava há tempos, falar sobre como a matemática está intimamente ligada à maneira como pensamos, no sentido de que as construções matemáticas estão diretamente ligadas às estruturas do pensamento, seja ele qual for. E também falar sobre como ela, a rainha das ciências, afeta nossas vidas de forma direta ou indireta.

P.s.: Levar isso a cabo, vai depender da minha boa vontade. [risos]

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dostoiévski de novo?

Sim, parece que o homem tá com tudo. A minissérie O Idiota (2003), de produção de um canal russo, acredito que foi a primeira que iniciou um interesse na própria pátria do escritor por torná-lo visível às novas gerações, que gostam cada vez mais do outro místico, Paulo Coelho. Não tenho referências muito seguras, mas me parece que fez bastante público por lá. Poderia não ter feito e não é estranho dizer isso, já que é incomum a escolha de Dostoiévski para estas montagens cinematográficas na própria Rússia, pois o grande autor nacional é Liev Tolstói, o retratista das castas, da nobreza, das cortes e dos espíritos elevados. Não dá pra explicar, porque eu mesmo não entendo essa particularidade que reside nos leitores russos, mas dizem que Dostoiévski é ainda observado com certa temeridade, suas viagens insólitas dentro dos subúrbios escuros das cidades e da alma humana são consideradas "feias", toscas (no sentido mais poético da palavra) diante da magnitude do sol resplandecente que brilha no horizonte extenso dos quase poemas epopéicos de Tolstói.

Uma prova disso é a forma da narrativa do filho de Mikhail: seus personagens falam gaguejando, não possuem linearidade plena nas enunciações, são reticentes pelo exaspero de querer comunicar algo que não conseguem, eles simplesmente deliram. E deliram mesmo. São febris, convulsivos, biliosos, doentes. No romance O Idiota, Míchkin delira tanto que sai por aí afirmando que "a Beleza salvará o mundo". E notem que não há um ponto no livro em que ele próprio abre a boca (ou um travessão) e diz isso, não há mesmo. Nós conhecemos essa frase do príncipe porque outro doido, Hippolit Tierentiev, é quem nos faz saber que Míchkin anda dizendo essas besteiras. Aglaia Ivánovna também nos dá notícia desses dizeres. Notável como um negócio tão importante para a idéia do romance e tão central para a triste figura do epiléptico príncipe Míchkin só se fica sabendo pelos outros. Não é regra, mas em Tolstói são raros personagens desse tipo. A nobreza deles não permite o acesso a certas doenças da alma ou quando permite eles buscam resolver de uma forma muito natural, isto é, toda doença espiritual é um afastamento do homem dos desígnios mais simples da existência, é uma tentativa de superação daquilo que é da natureza e isso é ruim. Por exemplo, viver próximo de tudo que é naturalmente vivo é o ideal de beleza do nobre Liévin, do romance Anna Kariênina. É quase pagão, poder-se-ia dizer. Dostoiévski chega praticamente ao mesmo resultado, só que chafurdando tanto na lama da alma dos mais desgraçados para lá inclusive encontrar alguma coisa que faz valer a pena viver para eles. Dostoiévski talvez tente levar às últimas consequências
o afastamento entre homem e natureza e nesse extremo encontrar algo tão elevado quanto a vida natural defendida pelo velho barbudo, Conde Tolstói.

Por que é que Hippolit se irrita tanto com o tratamento que seu vizinho lhe dá, um miserável que assiste à morte do próprio filho de fome e frio? Para Hippolit, um ateu, não era aceitável ver um pai se apoiar no consolo de Deus e por isso não fazer nada para evitar a morte de um inocente. Quando a criança morre, Hippolit vai meio que sacanear com a dor do outro; seu olhar diz "Tá vendo? Eu avisei. Você poderia ter feito algo". Nesse instante, o outro se aproxima e muito cordialmente diz: "Saia". Desse dia em diante, toda vez que se avistam no prédio, o homem gentilmente retira o chapéu da cabeça e cumprimenta Hippolit. E isso o irrita demais! Ele deve pensar: como pode ser? Eu, que sou instruído, moderno, que deveria me sentir por cima desse miserável ignorante, sinto ódio pela maneira altiva com que este sujeito se porta diante de mim. Era eu que deveria sentir pena dele e não ele de mim. - Notem como nenhum deles vive um ideal puro. Ao contrário, seres abjetos vivendo uma vida suja, longe de qualquer natureza reconciliadora, embora o vizinho esteja mais próximo de encontrar a conformidade do mundo do que Hippolit.

Para os entendidos no assunto, Dostoiévski ainda cria um clima de bagunça completa entre os nobres e os humilhados e ofendidos. Ele os obriga coexistir em momentos comuns, por mais impossível que isso fosse de se pensar numa sociedade hierarquizada e de corte como a Rússia oitocentista. Este é um dos aspectos daquilo que nomearam de "carnavalização" nos seus romances. Por isso, no sarau de Nastácia Filíppovna, estão generais, empresários, gente de bem, mas estão também pessoas de conduta duvidosa como Fierdischenko - que por sinal propõe um jogo no qual os participantes deveriam contar o ato mais vil e mesquinho já cometido na vida; e funciona, pois todos, inclusive esses nobres e ricos, acabam se revelando homens terríveis pela feiúra dos seus atos narrados - e, pra acanalhar o sarau, Rogójin e seus amigos arruaceiros entram pra inverter de vez o establishment. O príncipe Míchkin também é uma figura engraçada nesse aspecto: ele prefera a companhia de bêbados, como o general Ívolguin, não só ele, pois quase todo mundo no romance uma vez ou outra aparece bêbado; um homem mundano desgraçado como Parfen Rogójin; uma prostituta autocondenada ao inferno que é Nastácia Filíppovna; um tísico ateu condenado à morte que é Hippolit Tierentiev; Liébdiev, um trapaceiro ganancioso e intérprete do livro do Apocalipse; Keller, o mentiroso e briguento boxeador. E é impressionante como Míchkin, um nobre que acaba ganhando uma fortuna por ocasião de um testamento, anda com todos eles, e os ama. Aliás, é o elo que une os dois mundos, pois permite a presença de todos esses tipos nos mesmos espaços de pessoas distintas, como a generala Lisavieta, uma senhora da alta sociedade, frequentadora das casas de condes, de quem ele recebe muitas censuras por andar com gente desse nível. É através de Míchkin que ela tem a sensação de que o mundo está realmente de pernas pro ar. Imaginem se ela tivesse conhecido Raskólnikov, Kiríllov, Nicolai Stavróguin ou o quase espírito zombeteiro Ivan Karamázov.

Antes que esqueça, vou deixar o linque do recado principal dessa postagem. Parece que saiu, está pra sair, ainda não sei, a minissérie também russa baseada n'Os Irmãos Karamázov. Massa, né? É prova de que finalmente estão redescobrindo o aspecto torto do velho filho de Mikhail por lá? No caso da adaptação de O Idiota, que foi em 2003, eu li na internete que o negócio casou com as discussões entre a abertura para o Ocidente ou a ideologia eslava de fechamento, no contexto do governo de Vladímir Pútin. E sim, o romance trata demais dessa questão. Mas o que vão dizer sobre o contexto da adaptação de Os Irmãos Karamázov? Aí vai uma informação: este romance pode ser entedido como anunciador do fim dos tempos. Agora uma dica: peguem o mote da generala Lisavieta, de que o mundo está prestes a acabar, e leiam em conjunto com a primeira coisa dita neste vídeo que ora vocês verão (eu espero que vejam). Meu palpite está dentro disso aí.


sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nietzsche de novo?



Sim. E agora no Jerimum Beta. Foi um moído (muído) muito grande pra se gravar o podiqueste lá postado hoje. Jamais gravei algo daquela natureza e sobretudo publicar assim, na internete. Eu gostei do resultado, embora tenha ficado paralisado quando disseram: agora fale! Mas enfim, saiu alguma coisa. Continuo achando esquisito ouvir podiquestes e no caso do lançado hoje tem agravante de ouvir a própria voz o que, na minha opinião, é uma das experiências mais lesas que já vivi. Todavia, eu quero fazer a ressalva e dizer que o negócio ficou muito bom. Rapaz, porque pra quem estava de dentro e participou, a edição e a arrumação dos diálogos ficou muito massa. Eu poderia até afirmar que ficou outra conversa, até para mim, só que igual à não-editada. Elogio o trabalho de João Neto pela paciência com a montagem e a Zé Márcio e Rondinelly pelas sugestões de emendas e desemendas das falas.

Além do que, o assunto é danado, sejamos sinceros. Danado de verdade. Não é todo dia que se fala em Nietzsche e no Cristianismo tentando desenrolar o nó dado tanto em torno do próprio Nietzsche como do Cristianismo. E para quem gostou, eu queria quebrar o sigilo (se o há, pois não colocaram esse aviso no Jerimum) e dizer que a segunda parte dessa conversa sairá em breve. Bem mais breve do que para a primeira ter ido ao ar.

Pra fechar, só sei que algumas coisas deixamos de fazer na gravação. Uma delas, seria talvez ler passagens de textos. Lamentei o fato de ter esquecido uma menção ao livro de Albert Camus, O Homem Revoltado, onde ele afirma claramente que Nietzsche é cristão nos termos em que foram postos nas nossas falas e também pela proximidade gritante entre o existencialismo e o cristianismo de Cristo e também dos textos "canônicos" para além dos evangelhos. O fim último não é demonstrar o deserto da existência, segundo Camus. Isso é muito simples até. Muitíssimo mais difícil é viver nesse deserto sabendo que ele é um deserto e construir as coisas num deserto, com a perspectiva sempre de que construiremos para habitar um deserto e mais: tentar tornar a vida aí algo digna de se viver ao ponto de qualquer indivíduo poder afirmar, para si e para os outros, que vale a pena exercer minha vida e meus desejos neste lugar e entre todos vocês. Matamos a Deus não por simplesmente matá-Lo, mas para fazer da culpa que carregaremos por esse assassinato algo proveitoso para os próximos tempos.

Retificando: sim, na apresentação do próprio podiqueste, João Neto diz que há uma segunda parte do negócio e que sairá depois. Erro de atenção meu.

Bebidas por conta de Pearl!


Quando chegou em San Francisco, o então berço e capital da liberdade, por volta de 1963, Janis era só uma garota esquisita do Sul. Nascida e criada em Port Arthur, Texas, algo como Patos na época, enquanto era tiranizada por seus colegas, familiares e demais habitantes da cidadezinha buscava refúgio fugindo nos fins de semana com um grupo de amigos desordeiros, na maioria negros, para Austin ouvir os cantores de blues, e claro, beber um pouco pra esquecer, man! The fuck dam life.
Chet Helms, um amigo feito durante um frenético período de fugas, havia prometido encontrar a garota perfeita para o vocal feminino do promissor grupo Big Brother and Holding Company. E assim, Janis chegou a eles. O cabelo num rabo de cavalo, jeans e camiseta e um surrado violão folk. The perfect girl! Pensaram Sam Andrews, Dave Getz e James Gurley e riam. As garotas do Big Brother, sobretudo, a mulher de Gurley tentaram dá um jeito em Janis. Como transformar uma garota insegura, desengonçada, do interior numa estrela de rock?
A esposa de Gurley, Nancy, era um visão. O cabelo esvoaçante, enfeitado de flores, o vestido cheio de cores e contas e mais contas no pescoço e nos braços, uma deusa da floresta. Mais tarde, morreria, prematuramente e grávida, de overdose de heroína.
Aquela imagem imprimiu-se na mente provinciana da garota do Texas, que criou um alterego para subir aos palcos; PEARL (as roupas brilhosas, as plumas, o ar glamouroso, a garrafa de Southern Comfort). Este é o título do álbum póstumo de 1971, o mais vendido.
De 63 a 70 foi assim, tomar whisky e drogas para ser maravilhosa e tudo terminar num camarim frio. Durante a gravação do segundo álbum, ela pergunta: "Ainda tenho sotaque texano?"
Em entrevista a David Dalton explicava sua perspectiva:
"Kozmic Blues (álbum solo) quer dizer que não importa o que você faça, não vai ganhar a guerra. Quando eu era criança, as pessoas me diziam que eu era infeliz porque estava na adolescência, mas que um dia ia ficar tudo legal. E eu acreditava. Primeiro achava que quando o homem certo aparecesse, seria a hora, depois que se eu pudesse trepar em paz, depois se eu conseguisse algum dinheiro, etc. Até que um dia, sentada num bar, entendi de repente que nunca ia acontecer nada, que nunca ia ficar legal, que o tempo todo tem alguma coisa errada, sempre, só muda o problema. Não era um prazo de espera, era toda a minha vida...
Não sei se estou sendo insensível se disser que o blues do negro é sempre baseado na falta-de. 'Estou triste porque não tenho mulher, porque não tenho dinheiro, porque não tenho isso ou aquilo'. E não é o que está faltando que faz você infeliz, mas o desejo específico por alguma coisa que não pode conseguir. Não é o nada, o não ter: é o querer"
Indico:
Pearl (1971); Me and Bobby Mcgee, Trust me, My baby.
The Rose (1979) com Bette Midler.
Monterey Pop Festival (1967)