quarta-feira, 5 de maio de 2010

Conforto Inútil

Que seria de mim sem as cores que não vi.
Ao certo não mais as veria,
Nem as cores que trago nos olhos
Ou as outras que não vivi.

Assim, submerso em negro manto
E absorto às ilusões da calmaria,
Eu te possa mostrar com maestria
Os afagos na dor que entorna o canto.

Mas receio, contudo, que seja tudo inútil.
Que esse estágio de sobrevivência seja fútil
À capacidade de sofrer de alguém vivente.

E mesmo em escuridão inebriante,
Na ausência de qualquer gozo deflagrante,
Minha tristeza possa seguir em frente.

Um comentário:

Raquel disse...

É o seu perfil poético...e a sua poesia no perfil.Rasga Mortalha mesmo.