quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Norma Bengell

Esse blog vai terminar virando um necrológio. Mas enfim...

Hoje morreu aos 78 anos a atriz, diretora e teatróloga brasileira Norma Bengell. Abaixo, assistam a uma bela entrevista, dividida em duas partes, que ela concedeu a Antônio Abujamra no programa Provocações, da TV Cultura, e percebam alguns dos motivos de saudá-la nesse dia e sempre.

Entre tantos, ela atuou no filme O pagador de promessas (1962), com direção de Anselmo Duarte, baseado numa peça homônima de Dias Gomes. Entendam bem: poucos filmes brasileiros foram tão premiados como esse. A todos digo que é um dos melhores que já vi na vida. Todo brasileiro deveria ver, assim como digo o mesmo de Casa-Grande & Senzala na leitura. Aliás, um grupo de estudo que tentei montar tempos atrás sobre o livro de Gilberto Freyre começava por assistir a O pagador de promessas. Só rolou o filme, com a participação de um amigo. Normal. A esse tipo de coisa já estou acostumado. Pois bem. Filme e livro se aproximam e se afastam. Desde o sincretismo religioso popular aceito tacitamente pela Igreja "de porta para fora", mas que decide radicalizar ao impedir Zé do Burro (Leonardo Villar) de entrar no templo católico só porque ele fez a promessa pra Santa Bárbara, Iansã, de salvar seu burro, num terreiro de candomblé; até às disputas político-ideológicas travadas pelos outros em torno do simples desejo de cumprir a promessa do personagem naïf Zé, passando por um Brasil cuja tradição é carnavalizar tudo, para o bem ou para o mal (tomem isso no mais amplo espectro de bem e mal).

Norma Bengell fez parte, na vida e na arte, dessas realizações.

Sem mais por acrescentar.



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